Trans-humanismo, biopolítica e reconfigurações contemporâneas das relações de poder

Conteúdo do artigo principal

Fernanda Gomes da Silva

Resumo

O artigo propõe uma leitura crítica do discurso trans-humanista, ancorada na noção de biopolítica proposta por Michel Foucault. Considerando que o aspecto predominante em diferentes segmentos do trans-humanismo é o aprimoramento humano, podemos afirmar que as elaborações desse conjunto discursivo se fundamentam em uma definição biológica do homem e na defesa de sua transformação – através da genética, da biomedicina e de novas tecnologias – de forma tão significativa em sua extensão e alcance que levaria ao desaparecimento do ser humano como o conhecemos. Essa trama discursiva também mobiliza um sistema biomédico, fomentando por grandes corporações, pelo qual os indivíduos são incentivados a projetar e a aprimorar seus corpos em busca de um ideal produtivo. É a partir desses elementos que investigamos se estaria emergindo uma nova forma de biopolítica, centrada no corpo individual e em consonância com reconfigurações contemporâneas das relações de poder.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos
Biografia do Autor

Fernanda Gomes da Silva, Universidade de São Paulo (USP)

É pós-doutoranda no Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo - USP e bolsista do CNPq. Doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2019) com estágio doutoral na Université Paris Ouest Nanterre La Défense (França). Possui graduação em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003) e mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2006). Tem como foco o desenvolvimento de pesquisas relativas aos campos ético e político, com ênfase em filosofia contemporânea.

Referências

ALEXANDRE Laurent, La Mort de la mort. Paris:Editions Jean-Claude Lattès, 2011.

CLARKE, Adele. Biomedicalization: Technoscientific Transformations of Health, Illness, and U.S. Biomedicine, American Sociological Review, Vol. 68, No. 2 (Apr., 2003).

DELEUZE, Gilles. Conversações: 1972-1990. Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992

FOUCAULT. Michel. Histoire de la sexualité, vol. 1: La Volonté de savoir, Paris, Gallimard, 1976.

FOUCAULT. Michel. Naissance de la biopolitique. Cours au Collège de France. 1978- 1979, Paris, Gallimard, 2004.

FOUCAULT. Michel. Em defesa da sociedade. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

HOTTOIS, G. MISSA, J. PERBAL, L. 2015 (Org), Encyclopédie du trans/posthumanisme. L’humain et ses préfixes, Paris:Vrin, 2015.

LACROIX, A. Enquête dans la Silicon Valley. Sauvegardez votre vie (pour l’éternité!), Philosophie magazine, Dossier Liberté. Inégalité. Immortalité.

ROSE, N. The Politics of life itself. Biomedicine, Power, and Subjectivity in the Twenty-First Century, Princeton University Press, 2007.

ROUVROY, A. BERNS, T. Gouvernementalité algorithmique et perspectives d’émancipation, Réseaux 1/2013 (n° 177), p. 163-196.

ROUVROY, A. Gouvernmentality in an age of autonomic computing : technology, virtuality and utopia.

Bioviva-Gene therapy to treat aging and beyond. Disponível em < http://hplusmagazine.com/2015/05/06/bioviva-gene- therapy-to-treat-aging-and-beyond/>. Acesso em: 08 de maio de 2024.

Sites:

BOSTROM, Nick. The Transhumanism FAQ, A General Introduction, Version 2.1. Disponível em:< http://www.nickbostrom.com/views/ transhumanist.pdf> Acesso em: 01 de março de 2024.

ROSE, N. e RABINOW, P. O conceito de biopolítica hoje. Disponível em: <https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/6600>. Acesso em: 30 de abril de 2024.

Site de Celera: https://www.celera.com/celera/pdm.

Site da 23andme: https://www.23andme.com/research/

Site da SENS: http://www.sens.org/about/about-the-foundation

Site Human Longevity, http://www.humanlongevity.com/about/