Política sexual em Lisístrata: o Eros cômico
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Resumo
Nosso intuito neste artigo é iluminar a relevância e a densidade da atuação política da protagonista Lisístrata na peça homônima de Aristófanes. Para tanto, serão explicitados os pressupostos dos elementos propriamente sexuais que permeiam as lúcidas táticas políticas que essa personagem põe em funcionamento ao longo da obra. Tal operação será feita em três tempos. Em um primeiro momento, iremos elencar as imagens — não à toa quase sempre sexuais e sexualizadas — do feminino na peça. Em uma segunda seção, iremos analisar o que significa, em termos de política sexual, o paralelismo abundantemente explorado por Aristófanes entre a famosa greve de sexo praticada pelas jovens mulheres casadas e a ocupação da Acrópole levada a cabo pelas mulheres mais velhas. Por fim, procuraremos apresentar uma interpretação para o significado das intervenções propostas e lideradas por Lisístrata nos termos das condições sociais do contexto histórico em que a peça se inscreve. Concluiremos desenvolvendo um paralelo entre os pendores femininos e os pendores cômicos, que só podem ser plenamente realizados em um ambiente de paz.
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