Paul Valéry e Anne Carson em torno do que não existe

Conteúdo do artigo principal

Helena Martins

Resumo

Este ensaio propõe uma leitura da “Pequena carta sobre os mitos de Paul Valéry”, em cotejo com “Visibles Invisibles”, de Anne Carson – aproximação inusitada com a qual, adicionalmente, experimenta um método crítico carsoniano. Imaginando nesse escrito de Carson uma resposta à carta de Valéry, busca construir o diálogo entre os dois autores na atmosfera de uma correspondência extraviada em torno do jogo entre arte, ilusão e verdade. Mostra em especial como essa troca imaginada desloca e intensifica um paradoxo vital muito frequentado por Valéry e central nessa sua pequena carta: presença do que não existe. O ensaio parte da percepção de que a vida distópica que levamos hoje se deixa marcar por uma rarefação desse paradoxo vital, dispondo nesse horizonte a pertinência de pensá-lo.

Detalhes do artigo

Seção
Varia
Biografia do Autor

Helena Martins, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Possui graduação e mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1987) e doutorado em Lingüística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999). É professora Associada do Departamento de Letras da PUC-Rio., onde atua nos programas de graduação e pós-graduação. Sua pesquisa tem frequentado a zona de interseção entre a filosofia e os estudos da linguagem e da literatura, com interesse especial pelos pensamentos de orientação perspectivista, capazes de reconhecer a linguagem como forma de vida (práxis) desprovida de télos e refratária a explicações presididas pela dicotomia universal-relativo. Suas publicações e participações em eventos nacionais e internacionais refletem, desse ponto de vista, sobre temas centrais nos estudos do sentido, tais como a tradução; a metáfora; a tensão entre dizer, mostrar e fazer; o devir das línguas/formas de vida; a instância literária; os limites da linguagem.

Referências

CARSON, Anne. Eros the bittersweet. Princeton: Princeton University Press, 1986.

CARSON, Anne. Visibles Invisibles (sic). In: CARSON, Anne. Economy of the Unlost: (Reading Simonides

of Keos with Paul Celan). Princeton: Princeton University Press, 1999, p. 45-72.

CARSON, Anne. Economy of the Unlost: (Reading Simonides of Keos with Paul Celan). Princeton:

Princeton University Press, 1999.

CARSON, Anne. Men in the Off Hours. New York: Vintage Books, 2001.

CARSON, Anne. Decreation. London: Jonathan Cape, 2006.

CARSON, Anne. Autobiografia do vermelho. Tradução de Ismar Tirelli Neto. São Paulo: Editora

, 2021, p. 10.

CARSON, Anne. Eros o Doce-Amargo. Trad. de Julia Raiz. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022

CARSON, Anne. Sobre aquilo em que mais penso. Organização e tradução de Sofia Nestrovski.

São Paulo: Editora 34, 2023.

CARSON, Anne; D’Agata, John. A ___ with Anne Carson. The Iowa Review, v. 27, n. 2.

, p. 13

CASSIN, Barbara. O efeito sofístico. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Maria Cristina

franco Ferraz. São Paulo: Editora 34, 2005

GUÉRIN, Maurice de. Poèmes en prose. Précédés d’une petite lettre sur les mythes par

Paul Valéry. Paris: Blaizot, 1928.

PLATÃO. Protágoras. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Editora da Universidade

Federal do Pará. 2002.

SCHUBACK, Marcia. Por um modo de pensar poético. In: Valéry, Paul. A arte de pensar:

ensaios filosóficos. In: VALÉRY, Paul. A arte de pensar: ensaios filosóficos. Trad. de

Marcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 7-24.